quarta-feira, 8 de julho de 2015

1x7 na visão de uma criança


A maior derrota que me lembro ter sofrido, falando em seleção brasileira, foi aquela de 1982. Aquela derrota fez com que eu e meu irmão, então com 08 e 12 anos, ficássemos aborrecidos por muito tempo. Em novembro daquele ano, nosso pai nos levou ao estádio pela primeira vez. Vimos o Corinthians ganhar do Santo André por 3x1, no Bruno José Daniel, com dois gols de Sócrates. Foi a nossa redenção, descobrimos que o Corinthians era o nosso único time de coração.

Me lembro de acompanhar um pouco mais de perto o Brasil em 2002, muito mais pela comoção do ressurgimento do Ronaldo e por ter uma filha de apenas 04 anos, não queria privá-la das festas entre amigos e parentes. Criança não tem culpa do ceticismo dos adultos.

Em 08 de Julho de 2014, éramos eu e minha filha os céticos, ao lado de minha esposa e a família de um amigo. Assistíamos a partida como convidados na casa dele. Quando o placar apontava 0x4 para Alemanha percebemos que a filha desse amigo, uma criança ainda, se retirou da sala chorando. Essa imagem me cortou o coração e me remeteu ao ano de 1982.

Após o término da partida, na entrevista coletiva da comissão técnica, o único discurso que eu esperava escutar era um pedido de desculpas, à todas as crianças desse país. E o que eles fizeram? Mandaram a vovó Dona Lucia contar em carta que os responsáveis por aquele vexame não tinham culpa alguma pelo ocorrido, só posso crer que essa carta foi lida acreditando na inocência das crianças. 


O mais trágico daquele fatídico dia 08/07 não foi placar em si, mas sim a cicatriz que a derrota deixou no coração dos pequenos torcedores. O sofrimento em poucas horas se tornou decepção e com o passar dos anos o desprezo pela camisa amarelinha será evidente. As crianças em pouco tempo descobrirão que o futebol brasileiro não se resume ao que acontece dentro das quatro linhas, e que vexames maiores do que o sete a um, são consumados quase todos os dias nos bastidores e escritórios de quem comanda o futebol brasileiro.







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